domingo, 15 de setembro de 2013

Angústia, de Graciliano Ramos

Não provou meu corpo o sabor do mel
atiçou apenas a vida
ferveu meu sangue
e conteve a ebulição.

Prometi o certo
dei o que não tinha
mas foi tudo em vão.

Antes não conhecer amor assim
doente te espiava
seguia a ele
dormir não podia mais
eu, inquieto, só te queria

O algoz do meu peito
traía a ti, Marina minha
sem dó
e tu embuchada
nenhum anel a ornar a mão.

Foi quando seu Ivo me trouxe a corda
“Acorda meu bruto”
briga de monstros
‘despacifico’
a angústia me estrangula
enforco a ditadura do direito
mato o Julião
e agora me sobra a culpa
o medo de vir à tona
verdade sem redenção

Ah Marina, você foi meu fel.


5 comentários:

  1. Muito bom! Parabéns!! Gosto como os livros te inspiram. Bjs.

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  2. Muito bom! Melhor ainda por ter se inspirado no Graciliano: um autor admirável.
    Hélio Penna

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  3. Maravilha, Rita! Eu diria que "Angústia" foi uma leitura maravilhosa. Você soube expressar os sentimentos. Marina foi mesmo coisa amarga, traiçoeira. Luis da Silva merecia encontrar pessoas que o colocassem para cima, valorizasse o seu potencial, porque ele tinha, mas não poderia acontecer no ambiente que ele frequentava.

    As leituras nos impulsionam a escrever. Isso é tão bom.

    Parabéns! Belo poema!

    Beijos! Sonia Salim

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  4. Queridos Newton, Hélio, Rose e Sonia, muito grata pelo incentivo de vocês. À medida que escrevemos vamos perdendo algumas inibições que travam não apenas as palavras, mas também os sentimentos. Escrever é libertador. Não sou adapta do Mc Donald´s, mas amo muito tudo isso, rsrsrs.

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